Hemorragias uterinas anormais - Dr. André Corôa

Hemorragias uterinas anormais

Quais os sintomas, tratamentos e como se prevenir

Quando não ocorre a fecundação, a camada interna do útero, denominada endométrio, sofre um processo de necrose (morte celular) e é eliminada, processo este denominado menstruação. Da primeira menstruação, denominada menarca, até a menopausa, quando cessa o processo de menstruar, o ciclo é interrompido, em situações normais, apenas quando a mulher encontra-se grávida ou em lactação. O ciclo menstrual normal tem uma duração de quatro a seis dias, um intervalo médio de 28 dias ( ) e a perda de sangue menstrual é em média, 30 ml. Padrões menstruais com fluxos excessivos (> 80 ml), prolongados (> 7 dias) ou frequentes (< 21 dias) associam-se ao aparecimento de anemia em 66% das mulheres.

As hemorragias uterinas anormais (HUA), portanto, são uma das queixas mais frequentes nas consultas médicas clínicas ou ginecológicas, sendo aquelas com origem intra-uterina que diferem em regularidade, quantidade, frequência, duração e volume do padrão menstrual habitual de cada mulher.

As causas são múltiplas e variadas, podendo dividir-se em dois grupos principais: as hemorragias disfuncionais (ovulatórias e anovulatórias), caracterizada por uma alteração no ciclo normal da menstruação; e, as hemorragias causadas por doenças orgânicas de natureza sistêmica ou ginecológica como por exemplo:

  • De natureza sistêmica: doença de Von Willebrand, leucemia, sepses grave, púrpura trombocitopenica idiopática, hiperesplenismo, insuficiência renal crônica, insuficiência hepática, alterações da metabolização do estrogênio, dentre outras;
  • De natureza ginecológica (doenças do aparelho genital feminino): excluindo patologias associadas a gravidez, as causas orgânicas mais frequentes são: anomalias anatômicas, situações neoplásicas ou pré-neoplásicas (câncer ou pré-câncer) do endométrio, e mais raramente, as infecções genitais altas, tumores produtores de estrogênio e malformações arteriovenosas uterinas.

Os contraceptivos orais e implantes subcutâneos estão associados a perdas intermenstruais (“escapes”) por atrofia endometrial associada a carência de estrogênio. Já o uso de dispositivo intrauterino (DIU) de cobre pode causar hemorragia uterina regular mas prolongada, enquanto o SIU (sistema intra-uterino) com levonorgestrel reduz as perdas menstruais em cerca de 54-98% dos casos.

Em consultório, uma história clínica detalhada, auxiliará o médico para diagnóstico e posterior investigação laboratorial e de imagem, sendo o tratamento individualizado e adaptado a cada situação específica.

Atualmente, a histeroscopia é um procedimento de valor na avaliação do endométrio, indicada no caso de sangramento uterino não esclarecido ou irregularidade endometrial na mulher que ainda menstrua, ou de espessamento de 6 mm ou mais na pós-menopausa, em ambas condições podendo afastar suspeitas de fatores orgânicos e confirmar diagnóstico de sangramento disfuncional do endométrio.

Sangramento disfuncional ovulatório (quando ocorre a ovulação): cerca de 15% das pacientes com sangramento uterino disfuncional apresentam ciclos ovulatórios.

Sangramento disfuncional anovulatório (suspensão da ovulação): representa 80% dos casos de hemorragias disfuncionais. O sangramento pode ser leve ou intenso, constante ou com pausas, geralmente não associado a sintomas de tensão pré-menstrual, retenção líquida ou cólicas, embora algumas vezes a paciente relate cólicas devido a passagem de coágulos pelo canal cervical.

Histeroscopia (também conhecida como vídeo-histeroscopia): procedimento ginecológico com baixos índices de complicações, utilizado para inspecionar, através do uso de uma câmera endoscópica, o canal endocervical e o interior do útero (histeroscopia diagnóstica); ou até mesmo a retirada de elementos estranhos que possam estar presentes no interior do útero (histeroscopia cirúrgica). Entre os procedimentos mais comuns feitos através da histeroscopia cirúrgica estão: extração de pólipos, retirada de miomas, biópsias e ablações (retiradas) endometriais e a retirada de sinéquias (aderências) uterinas.

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