Dor pélvica - Dr. André Corôa

Dor pélvica

Quais os sintomas, tratamentos e como se prevenir

A dor pélvica, que pode ser aguda (primeira vez que você está sentindo este tipo de dor, com incidência menor de 6 meses) ou crônica (você sente esta dor há um longo tempo, mais de 6 meses), é sentida na região abaixo do abdómen, conhecida também como “pé da barriga”, podendo estar relacionada a problemas ginecológicos, urológicos, intestinais ou relacionados a gravidez.

Embora seja um sintoma mais comum em mulheres, pode também surgir em homens, sendo, neste caso, mais relacionado a problemas intestinais ou próstata, por exemplo.

Se tratando de uma dor relacionada a problemas ginecológicos, listaremos algumas das possíveis causas:

Ovulação
Se refere a produção de um óvulo no seu ovário. A cada mês, um óvulo é produzido e liberado por um de seus ovários, direito ou esquerdo. Algumas mulheres, desenvolvem uma dor aguda no momento em que o óvulo é liberado. Esta dor da ovulação, que recebe o nome em alemão de Mittelschmerz (dor do meio, por ocorrer no meio do ciclo), dura apenas algumas horas, mas para algumas mulheres, ela merece um tratamento em especial, pois tornam-se grave.

Dismenorreia (cólicas dolorosas)
Geralmente são cólicas que acontecem no dia anterior ou no primeiro dia de fluxo menstrual, desaparecem no final da menstruação. A dismenorreia primária (DP) consiste em dor pélvica crônica sendo o mais comum dos distúrbios ginecológicos da menstruação. As cólicas pioram as condições de saúde da mulher, com grande impacto sobre sua qualidade de vida e produtividade no trabalho; sendo a causa mais comum da procura de serviços de saúde, chegando a 20% dos casos que recorrem aos serviços ambulatoriais (consultórios). Das mulheres adultas, 40% tem menstruação dolorosa, e 10% delas sofrem de incapacitação por 1 a 3 dias por mês. O tratamento da dismenorreia deve ser abordado sob dois aspectos: o tratamento durante a crise, tratando-se os sintomas, e de urgência, com o objetivo de remover e aliviar a dor, sendo portanto pontual, necessitando ser repetido a cada menstruação. Além do tratamento pelo uso de medicação, recomenda-se repouso e aplicação de calor na região pélvica.

Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
É uma infecção no útero causada principalmente por clamídia ou gonorreia. Sua importância está na possibilidade do desenvolvimento de sequelas que levam a infertilidade. Sintomas: corrimento vaginal, dor abdominal, dor durante a relação íntima, sangramento vaginal anormal, febre, náusea e vômitos. O tratamento é através da administração de medicação, podendo, em casos mais graves, a paciente ser internada para tratamento.

Ruptura ou torção de cisto de ovário
O cisto pode ser comparado a uma “bexiga cheia de líquido”, que neste caso, se desenvolve no ovário. São considerados cistos ovarianos ao ultrassom imagens maiores de 3 cm. A maioria dos cistos são benignos, podendo aparecer em mulheres jovens e idosas, não tendo relação com câncer na imensa maioria das vezes. Não costumam causar sintomas, desaparecendo espontaneamente com o tempo. Quando eles sofrem uma ruptura (explodem) ou uma torção (torcem), podem provocar dor súbita e intensa unilateral na pelve.

  • Mulheres jovens: nesta faixa etária, na maioria das vezes, não são necessários nenhum tipo de tratamento, pois causam poucos ou nenhum sintoma e desaparecem sozinhos após 1 ou 2 meses. Uma reavaliação com ultrassom após 8 semanas é geralmente indicada para que o médico possa avaliar se o cisto sumiu ou aumentou de tamanho neste intervalo. Se o cisto for grande, destacando que o tamanho não tem relação com malignidade, geralmente maiores que 8 cm, e com crescimento constante, causarem sintomas muito intensos ou, principalmente, se tiverem uma aparência suspeita aos exames de imagem, a cirurgia para retirada do cisto ovariano é uma opção a ser considerada. Cistos de ovário causados por endometriose também costumam requerer tratamento cirúrgico.
  • Mulheres após a menopausa: a aparência do cisto pelo ultrassom e o valor do CA 125 (exame de sangue) ajudam a definir a melhor conduta. Segue-se orientação do aspecto do cisto em exame de imagem de acordo com a IOTA (International Ovary Tumor Analysis) para sua retirada cirúrgica ou não.

Mioma
Miomas (também conhecidos como fibromas ou leiomiomas) uterinos são tumores sólidos não cancerosos do útero, formados por tecido muscular, que muitas vezes aparecem durante a idade fértil. São divididos em quatro tipos diferentes, dependendo da região do útero a que acometem: subserosos, intramurais, submucosos e pediculados. Não estão associados a um risco aumentado de câncer de útero, e muito raramente se transformam em câncer (0,4%). O mioma atinge 50% das mulheres na faixa etária dos 30 aos 50 anos, e geralmente não causam sintomas. No entanto, as vezes, podem causar menstruação pesada, inchaço abdominal, dor, infertilidade, abortamento e problemas urinários, devido a compressão sobre a bexiga. Todo mioma de crescimento súbito de mais de 25% em 3 meses deve ser considerado como degeneração maligna (sarcomatosa) e indicada sua retirada cirúrgica para estudo anatomopatológico.

Varizes pélvicas
Caracterizada pelo acúmulo de veias dilatadas ao redor do útero, causam dor, sensação de peso na barriga, e às vezes, dor após a relação íntima. É um problema comum, mas pouco considerado. Estas pacientes devem ser acompanhadas juntamente com um médico cirurgião vascular.

Vulvovaginites
É uma inflamação simultânea da vulva e/ou da vagina que, normalmente é causada por uma infecção por vírus, fungos ou bactérias. No entanto, pode também ocorrer devido a alterações hormonais, desequilíbrio da própria flora vaginal ou até por alergias a substâncias químicas presentes em espumas de banho, cremes etc. Alguns dos sintomas: irritação, vermelhidão e inchaço na região íntima, coceira constante, corrimento com cheiro intenso, sangramento ligeiro na calcinha, desconforto ou queimação ao urinar. O tratamento é medicamentoso, sendo sempre importante consultar seu ginecologista.

Endometriose
É uma afecção ginecológica que ocorre em 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Sua causa e descrição são complexas, mas de forma simples caracteriza-se pelo crescimento da camada que reveste internamente o útero (endométrio), para fora dele, acometendo órgãos específicos o que resulta em dor e disfunção fisiológica como dores durante o período menstrual, diarreia ou constipação, cólicas, dificuldade para urinar e sangue na urina. Nem sempre a dor referida está diretamente associada ao estágio da doença, mas há uma associação evidente dos sintomas dolorosas a lesões endometrióticas profundas sendo os sintomas mais frequentes: dores durante as relações íntimas e dor as evacuações. O tratamento é medicamentoso, e em casos mais graves, cirúrgico. Para quem quer saber sobre endometriose mais clique aqui.

Como as causas de dor pélvica são variadas, quando esta for intensa ou persistente, torna-se importante procurar a avaliação médica para diagnóstico e tratamento. Lembramos que a consulta anual com seu ginecologista é importante para a detecção de alterações que podem não ser percebidas de início, prevenindo, desta forma, problemas mais graves e evitando complicações futuras, melhorando sua saúde e bem-estar.

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